Por Patricia Herman
Médicos de família e outros médicos de cuidados primários, na maioria das vezes, são os primeiros a perceber que um paciente está deprimido, mas isso não significa identificar todos os casos de depressão que passam por seus consultórios.
Longe disso: uma nova pesquisa com adultos na Califórnia descobriu que 43% das pessoas mantém seus sintomas de depressão escondidos durante uma consulta médica, porque sentem que as suas dificuldades emocionais são assuntos muito pessoais – eles não querem prescrição de antidepressivos ou têm medo que o registro da conversa seja descoberto por seus patrões.
Os resultados não são surpreendentes, mas eles destacam a necessidade de educar pacientes, médicos e enfermeiros sobre a importância de discutir problemas de humor durante exames e consultas de rotina.
Os pesquisadores afirmam que o estudo traz mais evidências de que o estigma que envolve as doenças mentais continua sendo um obstáculo que impede muitas pessoas de procurar tratamento eficaz em tempo útil.
Foram entrevistados 1.054 adultos, que responderam perguntas sobre sua saúde geral, o acesso a médicos e seguros, demografia, família e histórico pessoal de problemas de saúde mental. Os pesquisadores então perguntaram quais eram os possíveis motivos para não querer falar com um médico sobre depressão.
A preocupação mais comum, que 23% dos entrevistados levantaram, é a de que o médico recomende antidepressivos. Outras razões foram populares: a de que não é o trabalho de um médico geral lidar com questões emocionais (16%) e de que seus registros médicos poderiam cair nas mãos de um empregador ou de outra pessoa (15%). Os entrevistados também expressaram o medo de serem encaminhados a um especialista ou de serem rotulados como um “paciente psiquiátrico”.
Esta relutância dos pacientes é crucial e precisa ser superada, porque quanto mais tempo a depressão não é diagnosticada, mais difícil pode ser o tratamento e os danos podem ser mais permanentes. De acordo com os pesquisadores, há evidências crescentes de que o estado de estar deprimido realmente pode ser prejudicial para o cérebro e retardar o tratamento é provavelmente a pior coisa que um paciente pode fazer por sua saúde mental.
Médicos de atenção primária devem promover ativamente o tratamento de saúde mental em seus consultórios. Colocar panfletos nas salas de espera, cartazes adequados ou fornecer questionários são formas de mostrar que a depressão se encontra no âmbito da sua prática.
Além disso, é preciso também um esforço para fazer um trabalho mais completo e diagnosticar os sinais físicos que a depressão traz – sintomas que os pacientes não deixam de falar como perda de apetite, dor crônica e problemas do sono. Afinal, o aspecto emocional é apenas uma parte da depressão. Saber o que perguntar pode levar a melhores diagnósticos. [CNN]
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