Escrito por Felipe Melo, Ivana Brito, Priscila Bélens, Karoline Alves e Daniele Carneiro
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A agressividade no trânsito é um tema que exige atenção da população e das autoridades, visto que suas reflexões são amplamente visíveis e, a despeito da vontade dos engenheiros do tráfego, aumenta a sua freqüência. Quando se trata de países com uma cultura do carro muito forte, a problematização teórica da questão do automóvel tende a ser maior,
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1.1 Agressividade No Trânsito
Os estudos apontam que é comum, em algum momento da vida do condutor, cometer deslizes. Quando se torna freqüente, é uma questão de saúde pública e tem o nome, em diversas literaturas, de Road Rage. O Dr. Leon James separa em três níveis: impaciência, luta de forças e negligência. Os motoristas agressivos tendem a acreditar que sua perícia em condução está num nível superior às dos demais e acreditam não estar contribuindo para o caos do trânsito.
· Impaciência: não parar diante de placas ou sinais vermelhos, andar com velocidade acima do permitido, bloquear cruzamentos. São comportamentos que servem de estímulo aversivo para os outros condutores, e oferecem os menores riscos entre os três grupos.
· Luta de forças: impedir outros condutores de realizar conversões e mudança de faixa, bem como sair de outras vias, usar de gestos obscenos ou xingamentos para ameaçar outros condutores, ignorar a distância de segurança do condutor à frente e laterais. Estes sujeitos como “psicologicamente instáveis que acreditam estar fazendo um bem à sociedade, achando que os outros cometeram erros e precisam ser punidos, desejando punir aqueles que não têm uma conduta semelhante ao do condutor agressivo”. (JAMES)
· Negligência: duelos, velocidades muito altas, fechadas, andar em “zig-zag” sem sinalização, dirigir entorpecido ou alcoolizado, bem como os crimes que se utilizam do trânsito como atropelos e assaltos. É o último nível de agressividade.
1.2. Por Que Ocorre
1.2. Por Que Ocorre
O comportamento agressivo no trânsito surge do histórico de comportamento agressivos em outras instâncias da vida do sujeito. As causas mais comuns da ocorrência são um ambiente físico que estimule a raiva e o estresse (como muito barulho, calor, engarrafamentos e a sensação de anonimato), baixa fiscalização (sentimento de impunidade) e um ambiente social que permite e até incentiva esse comportamento, como é o caso dos outros condutores, amigos e familiares do agressor. Segundo WAGNER & BIAGGIO (1996), a raiva é uma condição necessária para a agressividade em casos de luta de forças ou superior, mas não a determina – serve de sinalização. É comum achar em pesquisas correlações que implicam que sujeitos agressivos tendem a ser condutores agressivos (GUNTHER & MONTEIRO, 2006).
À partir dos anos 60, uma parcela dos psicólogos constata que as situações se chocam e até se sobrepõem a hereditariedade e o inatismo quando se fala em resposta de organismos, isto é: a personalidade de uma pessoa é relativamente constante, mas dinâmica, pois os ambientes exercem tanta influência no comportamento quanto os hábitos. Parece claro que esta afirmação se aplica ao caso do trânsito.
É importante salientar que, apesar da atual constituição brasileira prever punição significativa aos condutores alcoolizados, existe uma questão cultural muito forte no sentido de ir contra esta lei – inclusive websites divulgando trechos onde a blitzes estão ocorrendo, numa tentativa de burlar a lei. É importante salientar aqui que, assim como os condutores agressivos de maneira geral, os motoristas alcoolizados também não acreditam estar contribuindo para um ambiente caótico.
É evidente a deficiência de educação humanitária nas escolas e educação para o trânsito, bem como a falta de acompanhamento psicológico nos centros de formação de condutores. Apesar do código de trânsito brasileiro prever educação para o trânsito, na prática ela não ocorre de forma eficiente.
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2.2 A Educação para o Trânsito
Uma reversão do quadro atual, que é de aumento do número de condutores agressivos, é uma política que vise a valorização da vida cotidiana e que forneça diretrizes eficazes para a promoção do bem estar social. A escola, nesse sentido, pode auxiliar, com o investimento de projetos que ensinem as crianças, desde cedo – quando os traços agressivos costumam surgir – a uma conduta ética e pacífica. Quando não há instruções claras, prevalece a relação de poder em que o forte domina o fraco. A criação de programas sistemáticos e eficazes pode diminuir a cultura da agressividade, com propostas pedagógicas para refletir sobre a cultura automobilística – e a influência midiática sobre o poder que um carro exerce e sua real necessidade -, uma análise do próprio transitar nas imediações da escola, problematizando a relação interpessoal como um todo; educar para os sinais desde cedo e não somente na época da habilitação veicular – humanizar o automóvel, para que se perceba, não somente de maneira teórica, que máquina está a serviço do homem e não contra ele.
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